Pulsa, pulsa o que é vivo...
Chego aqui e quanta surpresa!
maracatu afro meu brasil
na cor, na ginga e natureza
quanto sonho não vence o vazio?
A menina depressa pensou:
- E agora, o que fazer?
Como fazê-los entender?
Um pouquinho do nosso projeto
Nossa história, caminho, trajeto..
Ah!!! (exclamou)
Vou trazer o olhar da criança
que pintou seu primeiro brinquedo
os cabelos queimados da Juliete
o abraço do Caio, em segredo
A preguiça do malandro Francisco
a bebedeira do seu Zé
O reencontro com aquele menino
pequeno e magro, ferida aberta no pé
A dureza do estômago vazio
o grito, o choro e assovio
Eu traria cada encontro e cada amigo
cada momento dividido
traria o aplauso e até a vaia
as brigas, o suor, a gandaia
Ele chega e me diz no ato:
- Menina, quanta bobagem!
Não é assim, não é isso cultura
Traz seu teatro, alguma escultura
imprimi uma foto e coloca moldura
ninguém carrega coisa tanta assim
olhar, riso, perfume, botequim
Nenhuma mala, sacola, baú
que venha do Acre ou do Xingu
carrega tamanha bagagem.
Uma gota de choro brotou
Na dureza do que o velho falou
Nem em mala, em buraco ou navio
caberia a beleza do que a menina viu
e triste, chorou assustada
- Vou parar! (bem no meio da estrada)
Mas quando pensou bem, bem mesmo, voltou
ela riu baixinho, pra nem se confundi
cada pedaço daquele mar
a experiência sua de trocar
cabe no lugar mais bem guardado
a sete chaves trancafiado,
de tudo que é vivo e sagrado
E o melhor é que é coisa que não se mostra
mas se sente, se lembra, se gosta
e na palavra, no encanto e no poema
passa pra frente, sem dilema
Juliete, Caio, Francisco, Antônio, Jurema....
E pra acabar com esse repente
Que eu tô nervosa, no meio de tanta gente
Dou meus vivas, de contente!
Ao teatro, a arte, ao prazer
viva o jovem, a vontade e o crescer
viva aqui a cada projeto
cumprido e não cumprido
a cada caminho, VIVA!, percorrido
às histórias que teremos pra contar
que nenhum dinheiro ousa comprar
VIVA ao parceiros, aos guerreiros
VIVA a todo trabalhador
O PARLENDAS junto agradece
sabendo do mais essencial:
Tudo que é vivo permanece
e esse é só um começo, nunca o final!
Natália Siufi
Grupo Teatral Parlendas