Um dia voltado às articulações
Marcus Vinicius Dias Magalhães
Dinâmicas, apresentações, discussões e emoções. Essas palavras definem o encontro dos 100 grupos contemplados pelo Programa para Valorização de Iniciativas Culturais (VAI) no último dia 9 de maio, realizado na Biblioteca Monteiro Lobato. O programa da Secretaria Municipal de Cultura já existe há seis anos.
Os representantes dos projetos foram recepcionados pela equipe VAI e, após um café da manhã, assistiram a exibição do documentário “Gente Muda”, produzido pelo coletivo Berinjela Filmes, contemplado pelo VAI em 2008.
Houve quatro depoimentos de jovens já beneficiados pelo programa em edições passadas, que relataram as dificuldades, preconceitos e superações. Os relatos foram curiosos e emocionantes e todos admitiram ter conseguido seu objetivo principal: realizar ações culturais em suas comunidades, promovendo a cultura como direito.
Ainda na parte da manhã, os grupos foram divididos por suas respectivas regiões, o que permitiu maior conhecimento e troca de experiências locais.
Na zona norte os principais problemas apresentados foram a falta de ações culturais e de articulação entre as ações que ocorrem. Já na região sul, deu-se destaque à abertura da Praça Cultural do Campo Limpo e ao aumento de projetos contemplados pelo VAI na Capela do Socorro, sendo que muitos deles tem alguma interface com a questão do meio ambiente, devido a área ser de manancial. Os representantes da zona oeste debateram a relação entre educação e cultura, como também a dificuldade na utilização do espaço público. Por fim, na zona leste foi lembrado com orgulho da inauguração da casa de Cultura em Guaianases, prevista para o dia 16 de maio.
Encerrados os grupos de trabalho por região, os participantes deram uma pausa e seguiram para um lanche, que durou aproximadamente uma hora.
No período da tarde foram formados grupos de trabalho por linguagens artístico-culturais como: Artes cênicas, Hip Hop, Culturas Tradicionais, Artes Visuais, Literatura, Música e Multimídia. Houve novamente uma rodada de apresentações; a discussão ocorreu em torno das possibilidades de articulação.
No grupo de trabalho de artes cênicas, percebeu-se que quase todos os projetos contemplados tiveram origem no projeto teatro vocacional, da Secretaria Municipal de Cultura. O grupo de multimídia discutiu incessantemente a questão do preconceito, apontando a responsabilidade dos grandes veículos e mídias, que influenciam negativamente a sociedade. O grupo de literatura teve toda atenção voltada à criatividade de um dos grupos, que faz as pessoas se interessarem pela leitura e história através do RPG; um jogo de interpretação que ensina divertindo. A cultura tradicional apresentou as danças e os sons de rua, como o Maracatu e a Capoeira. Os membros do grupo citaram inúmeras vezes o menosprezo que sofrem na divulgação de seus trabalhos, ainda que esses proporcionem inclusão social. As artes visuais mostraram a diversidade nos trabalhos divulgados, que vão da reciclagem às pinturas criativas em azulejos. Por fim, a turma do Hip Hop, que usa as ruas como palco, falou da ligação que há entre rimas, danças e grafites.
O dia terminou com a apresentação do Grupo Samba no Beco, que realizou uma roda de samba na porta da biblioteca. O encontro foi aprovado pelos grupos, que estão cheios de energia para divulgar seus trabalhos e levar um pouco mais de atividades culturais à cidade de São Paulo.
